domingo, 11 de julho de 2010

Por que estudar História?

Atualmente os desafios do professor em sala de aula aumentam cada vez mais. Vários motivos levam os profissionais de ensino a questionar o sistema e parece não haver solução a curto prazo.

Outro eu estava em sala de aula e alguns alunos questionaram o motivo de eles serem obrigados a estudar "História", essa "coisa" do passado, troço "antigo" não está com nada e outros adjetivos foram colocados para fora, como se fosse um desabafo, um cansaço com aquilo que eles chamaram de desnecessário...

Pacientemente ouvi tudo e depois tomeia a palavra, buscando conversar sobre o tema (já que a aula acabara de ficar de lado), procurando mostrar os motivos da existência dos professores de História e a necessidade de se estudar a referida disciplina.

Tradicionalmente, estudamos História para poder lidar com o passado, situar-se em seu espaço de identidade e no mundo em que vive.

A História está presente desde os primeiros momentos da nossa tradição ocidental. O esforço sistemático de compreensão racional do passado, resultando em uma obra escrita, remonta ao grego Heródoto, no século V a.C. No século XIX, com o desenvolvimento de vários instrumentos de pesquisa e de análise do documento, a História ganhou assumiu sua pretensão metódica de cientificidade.

Ao buscar estabelecer os fatores explicativos confiáveis da ação humana no passado, a História ganhou reconhecimento entre as chamadas Ciências Humanas e Sociais. Hoje em dia, a construção do saber histórico tem consciência das variáveis de sua produção, de que dependem a verdade e a objetividade sociais a que se candidata.

A História, por ser científica, dialoga com os demais campos do saber, como a Literatura, a Filosofia, a Política, a Antropologia, a Sociologia, o Direito, a Economia, pois o produto final do trabalho do historiador é um texto científico de múltiplas facetas, uma composição literária, em estilo que permita ser lido com prazer.

Ela pode ser recortada em diversos ângulos e em diversos períodos. Sem embargo, em todas permanece a matéria-prima básica do historiador: o tempo e a ação humana nele. Os ritmos das ações humanas no tempo não são uniformes. Há um tempo longo, sedimentado, cuja transformação é lenta, como o da geografia ou das mentalidades. Pode-se falar também de tempos intermediários, como os dos ciclos econômicos, dos regimes políticos, das organizações sociais.

Alguns sorrisos amarelos apareceram, falei inclusive que aquele momento de conversa sobreum assunto que não estava dentro do plano de aula daquele dia acabaria tornando-se parte da História deles. História da vida particular daquele grupo, não algo que passasse a ser discutido em livros.

Os desafios continuarão, mas quem sabe a atenção dos alunos se modifique aos poucos, afinal de contas são eles os futuros cidadãos deste país.